Dezenas de frases escritas, centenas de palavras. O tempo corrói, quando a distância é desmedida. Músicas narrando hora arrastada, minuto longe, segundo perto. Há momentos em que as palavras exteriorizadas são tão vagas, quanto achar que o “para sempre”, é sempre eterno. Querer o eterno do efêmero é o mesmo que desejar, do evolutivo e progressivo; o estático. Eterna é a saudade que às vezes dói, noutras é sinestesicamente; doce. Anestesicamente. E o que é mais doce do que escutar uma música, e perceber que naquele instante, se reviveu cenas dignas de um novo giro? Quando os aromas ativam as lembranças, e a saudade intensifica os sentidos, descobre-se que compartilhar o viver é importante, independente do que diz quem compartilhou com você. Independente de esse alguém dizer alguma coisa. Compartilhar é importante. É importante para quem deu o seu melhor, sem cobrar nada muito além de um “dividir sincero”, isento de obscuridades e fugacidades. É importante para quem se deu - o diálogo com a sua própria consciência livre. Não importa quanto dure o “para sempre”, que ininterruptamente tem seu fim, por mais contraditório que possa parecer. É como o carnaval, a diferença é que não sabemos a hora exata da quarta-feira de cinzas. Quem será que inventou o sentido do sempre, se ele é tão intangível, de fato? A vida, dia após dia, mostra que não importa que ao final, a sua passagem torne-se desimportante, ela sempre será memorável para alguns, apesar daqueles que “simplesmente não se importam” tanto. Talvez em algum momento, se chegue à consciente conclusão, de que essa importância é muito mais relevante a quem se deu do que a quem foi o alvo. “Quem não tem para quem se dar, o dia é igual a noite”. Talvez, ainda se consiga perceber, que viver pela expectativa de reconhecimento, seja de quem for, e qualquer que seja a situação, é o mesmo que relevar a importância dos próprios sentidos de viver. Seria como anular o valor, de tudo que quente, ainda pulsa.
Para alguém diferente de mim, e apesar de tudo... Com carinho.
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