"Para fazer uma obra de arte não basta ter talento, não basta ter força, é preciso também, viver um grande amor." Amadeus Mozart.

sábado, 22 de maio de 2010

Do vinho à água

Perdoe-me, meu bem! Hoje não foi o meu melhor dia, se é que você me entende... Eu não estava mais na frente da tela - não estava na sala, não estava na cama grande de casal, que um dia jurei dividir, não estava nem no quarto - na hora que você me chamou. Estava com os celulares mudos, estava com as vontades mudas, os sonhos, os planos, os abraços, beijos – mudos. Eu não estava em mim. Desculpe, mesmo, mas hoje, precisava ficar um pouco só, para pôr as coisas aqui por dentro, no lugar. Tenho minhas dúvidas, se na vida, ainda consigo achar uma região equidistante, entre a apatia e a efusividade, para contemplar a paz que tentei te oferecer, enquanto tudo foram flores. Receio que seus nãos me fizeram assim. Pelo menos, espero em algum momento, aprender a lidar com a falta do meio-termo, principalmente, por que quando transbordo, sou você sem mim. Por mais que eu tente controlar, a taça sempre está absolutamente cheia, e me escorrendo pelas bordas. Sabe o que é mais curioso? É que sem querer eu criei uma lente, que me distorce completamente, quando você me enxerga. Mas só você. Eu agora entendo que sou três: uma minha, uma sua e uma do mundo, e o meu maior desejo era romper com todas as distorções que o seu olhar me causa. Ou será que sou eu que me infantilizo na sua presença, e me apresento como uma criança mimada que não sabe esperar a hora do presente, do sono, da sobremesa? Mas é culpa sua, e eu já te disse, lembra? Outro alguém assim não há de haver, por isso, “só” serei essas três. Não terá quarta, ou quinta. Pelos meus olhos; "etílica", paciente, serena e doce; pelos olhos do mundo, e pelos seus; insana declarada, com litros de palavras, felicidade, atenção e amor, retidos nas entranhas, circulando nas veias. Tudo bem trancado e proibido de você. O que sinto me apressa e me torna insensata com as esperas, não consegui ter sequer a "calma" das filas de banco, para tentar alcançar o seu tempo. A saudade enche a taça, que esborra, de novo. Mas, o tempo faz evaporar e precipitar. O que foi vinho, um dia volta às suas origens, e torna-se água: insípida, incolor e inodora, diferente do líquido que hoje rega a minha taça. Eu acabo esquecendo, que você não se arrisca ao líquido alcoólico, proveniente das videiras... Eu acabo esquecendo que a sua pressa é a minha calma, e a minha calma é a sua pressa. Os nossos ponteiros giram em sentidos contrários, num descompasso sem fim. A sua ida é a minha volta, "meu tempo é quando"?

Para alguém bem distante, com amor.

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