"Para fazer uma obra de arte não basta ter talento, não basta ter força, é preciso também, viver um grande amor." Amadeus Mozart.

Entrelinhas minhas

Coleção de sentimentos:


Poeminha amoroso
Este é um poema de amor
tão meigo, tão terno, tão teu...
É uma oferenda aos teus momentos
de luta e de brisa e de céu...
E eu,
quero te servir a poesia
numa concha azul do mar
ou numa cesta de flores do campo.
Talvez tu possas entender o meu amor.
Mas se isso não acontecer,
não importa.
Já está declarado e estampado
nas linhas e entrelinhas
deste pequeno poema,
o verso;
o tão famoso e inesperado verso que
te deixará pasmo, surpreso, perplexo...
eu te amo, perdoa-me, eu te amo... 


                                          [Cora Coralina]




Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo
mas com tamanha intensidade, que se petrifica
e nenhuma força jamais o resgata. 
                                        
                                              [Carlos Drummond de Andrade]



Do amoroso esquecimento
Eu, agora - que desfecho!
Já nem penso mais em ti...
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?
                   

                     [Mário Quintana]


Tudo dito
Nada feito
Fito e deito


          [Paulo Leminski]


Soneto de fidelidade

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

                                     

                              [Vinicius de Moraes]



Amor 
Amor, então,
também, acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima. 

         [Paulo Leminski] 




Gorjeios



Gorjeio é mais bonito do que canto porque nele se




inclui a sedução.
É quando a pássara está enamorada que ela gorjeia.
Ela se enfeita e bota novos meneios na voz.
Seria como perfumar-se a moça para ver o namorado.
É por isso que as árvores ficam loucas se estão gorjeadas.
É por isso que as árvores deliram.
Sob o efeito da sedução da pássara as árvores deliram.
E se orgulham de terem sido escolhidas para o concerto.
As flores dessas árvores nascerão mais perfumadas. 
            
                                               [Manoel de barros]




Meio dia
três cores 
eu disse vento
e caíram todas as flores
                         [Paulo Leminski]  



La danza
No te amo como si fueras rosa de sal, topacio

O flecha de claveles que propagan el fuego:

Te amo como se aman ciertas cosas oscuras,

Secretamente, entre la sombra y el alma.


Te amo como la planta que no florece y lleva

Dentro de si, escondida, la luz de aquellas flores,

Y gracias a tu amor vive oscuro en mi cuerpo

El apretado aroma que ascendio de la tierra.


Te amo sin saber como, ni cuando, ni de donde,

Te amo directamente sin problemas ni orgullo:

Asi te amo porque no se amar de otra manera,


Sino asi de este modo en que no soy ni eres,

Tan cerca que tu mano sobre mi pecho es mia,

Tan cerca que se cierran tus ojos con mi sueño.


                                                                       [Pablo Neruda] 




Longo o caminho
até uma flor 
só de espinho
               [Paulo Leminski] 




Quase
Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono. 


Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cór, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si. 



Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém,preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer. Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.



     
                                                                                                            [Sarah Westphal]     


Seu nome

Se eu tivesse um Bar ele teria seu nome; Se eu tivesse um barco ele teria seu nome, Se eu comprasse uma égua daria a ela seu nome; Minha cadela imaginaria tem o seu nome; Se eu enlouquecer passarei as tardes repetindo seu nome; Se eu morrer velhinho, no suspiro final balbuciarei o seu nome; Se for assassinado com a boca cheia de sangue gritarei o seu nome; Se encontrarem o meu corpo boiando no mar, no meu bolso haverá um bilhete com o seu nome; Se eu me suicidar, ao puxar o gatilho pensarei no seu nome; A primeira garota que beijei tinha o seu nome; Na sétima série eu tinha duas amigas com o seu nome; Antes de você tive três namoradas com o seu nome; Na rua há mulheres que parecem ter o seu nome; Na locadora que freqüento tem uma moça com o seu nome; Às vezes as nuvens quase formam o seu nome; Olhando as estrelas eu sempre consigo desenhar o seu nome; O ultimo verso do famoso poema de Eloá poderia muito bem ser o seu nome; Apolineris escreveu poemas a lua porque na loucura da guerra não conseguia lembrar o seu nome; Não entendo porque Chico Buarque não compôs uma musica para o seu nome; Se eu Fosse um travesti usaria o seu nome; Se um dia eu mudar de sexo adotarei o seu nome; Minha mãe me contou que se eu tivesse nascido menina teria o seu nome; Se eu tiver uma filha ela terá o seu nome; Minha senha do emai-l já foi o seu nome; Minha senha do banco é uma variação do seu nome; Tenho pena dos seus filhos porque em geral dizem mãe ao invés do seu nome; Tenho pena dos seus pais porque em geral dizem filha ao invés do seu nome; Tenho muita pena dos seus ex-maridos porque associam o termo ex-mulher ao seu nome; Tenho inveja do Oficial de Registro que datilografou pela primeira vez o seu nome; Quando fico bêbado falo muito o seu nome; Quando estou sóbrio me controlo para não falar demais o seu nome; É difícil falar de você sem mencionar o seu nome; Uma vez sonhei que tudo no mundo tinha o seu nome; Coelho tinha o seu nome, xícara tinha o seu nome, teleférico tinha o seu nome; No índice aromático da minha biografia, haverá milhares de ocorrências do seu nome; Na falta de corda para onde olha o luthier se não para o infinito do seu nome; Algumas professoras da USP seriam menos amargas se tivessem o seu nome; Detesto o trabalho porque me impede de concentrar no seu nome; Cabala é uma palavra linda, mas não chega aos pés do seu nome; No cabo da minha bengala gravarei o seu nome; Não posso ser Niilista enquanto existir o seu nome; Não posso ser Anarquista sem suplicar a declaração do seu nome; Não posso ser Comunista se tiver que compartilhar o seu nome; Não posso ser Fascista se não quero impor a outros o seu nome; Não posso ser capitalista se não desejo nada alem do seu nome; Quando eu saí da casa dos meus pais fui atrás do seu nome; Morei três anos num bairro que tinha o seu nome; Espero nunca deixar de te amar para não esquecer o seu nome; Espero que você nunca me deixe para eu não ser obrigado a esquecer o seu nome; Espero nunca te odiar para não ter que odiar o seu nome; Espero que você nunca me odeie para eu não ficar arrasado ao ouvir o seu nome; A literatura não me interessa tanto quanto o seu nome; Quando a poesia é boa é como o seu nome; Quando a poesia é ruim tem algo do seu nome; Estou cansado da vida, mas isso não tem nada a ver com o seu nome; Estou escrevendo o 58º verso sobre o seu nome; Talvez eu não seja um poeta a altura do seu nome; Por via das duvidas vou acabar o poema sem dizer explicitamente o seu nome.

                                                                                       [Fabrício Corsaletti]




Já escondi um amor com medo de perdê-lo...
Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo, já perdi um AMOR por escondê-lo. 

Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos. 
Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso. 
Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.
Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.
Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.
Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.
Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.
Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.
Já tive crises de riso quando não podia.
Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.
Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.
Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.
Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.
Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.
Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.
Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade... Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".
Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.
Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.
Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.
Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.
Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE!
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos. 
Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer: 
- E daí? EU ADORO VOAR!


                                                                                                                    [Clarice Lispector]